Meditações sobre a desordem

Escrevemos anteriormente em “Orando por estabilidade institucional” que as autoridades são ordenadas por Deus, e que quando há uma situação de instabilidade entre as autoridades nós devemos orar para que a estabilidade se recomponha. A própria conceituação de instituição é algo como “forma social estável”, ou, mais claramente, uma organização cujo papel e limites está estabilizado e do qual se pode esperar ou prever as decisões e ações. Algo meio difícil no Brasil de hoje, e que remete os cristãos brasileiros à oração – oração para a recomposição da estabilidade institucional.

Nos dois últimos dias, dentro desse quadro de instabilidade institucional, presenciamos a eclosão, Brasil afora, de inúmero atos de violência qualificados, estranhamente, como re estabilizadores da ordem democrática. Os promotores de tais atos agrediram pessoas, inclusive idosas, destruíram  estabelecimentos comerciais e queimaram bandeiras do Brasil – além de praticar outras violências. Estranhamente, verificamos nas redes sociais que alguns cristãos que os apoiaram. Em decorrência disso, prossegui no projeto de dedicar minhas devocionais a esses assuntos – resultado em mais um texto, esse agora apresentado, sobre a desordem.

Quando pesquisei em minha Bíblia Thompson sobre temas relacionados a governo e autoridade, encontrei, entre as várias cadeias temáticas, um sobre guerra civil. Chamou-me atenção o de II Crônicas 15.5 e 6, que relata a profecia de Azarias ao rei reformador de Judá, Asa:

“Naquele tempos, não havia paz nem para os que saiam nem para os que entravam, mas muitas perturbações sobre todos os moradores daquelas terras. Porque não contra nação e cidade contra cidade se despedaçavam, porque Deus os afligiu com todo tipo de angústia.  Mas sejam fortes e não deixem que as suas mãos  desfaleçam, porque a obra de vocês será recompensada”

Asa restaurou o altar do Senhor diante do pórtico do Senhor e removeu uma imagem sexualmente explícita (mipleset – explícito a ponto de chocar quem a visse), erigida por sua própria mãe, que por isso foi deposta da posição de rainha mãe. Na perspectiva bíblica, ele restaurou o altar do Senhor, que aponta para Cristo e Sua obra redentora; e desfez o culto que confunde elementos humanos (sensualidade) com a divindade. Isto é, o reino, fundado no sacrifício por remissão dos pecados não poderia conviver com um culto de auto gratificação sensual. Essa forma de conhecer a vida e exercer o poder regeu seu reino: sua mãe, com culto fundado em autogratificação prazerosa, foi apeada de sua posição de prestigio; e ele mesmo, o rei, sacrificava regularmente reconhecendo-se imperfeito  e pecador. Dois tipos de inteligência do poder: o da rainha mãe e dos povos em volta trazendo instabilidade e desassossego; o do rei Asa, trazendo paz por 35 anos de seu reinado.

Como disse o presbítero Vitor Grando, da Igreja Presbiteriana do Bairro Imperial, em mensagem que você pode conferir clicando aqui, quando há desordem institucional a ação cristã é pela via da redenção, e não da subversão. A ação é redentiva, apontando para a obra redentora de Cristo, redimindo as instituições; e não subversiva do poder das autoridades, destruidora do poder de que, por fim, Deus as investiu.

A oração deve ser para que sejam afastados aqueles que como a rainha mãe de Asa, Maaca, pensam no poder com um sentido de auto gratificação e vantagem própria, sem visão de conhecimento das próprias imperfeições; e que restem estabilizados no poder aqueles que estão bem cientes de suas imperfeições, a ponto de saberem seus próprios limites.

Oremos e trabalhemos para uma solução redentora da estabilidade institucional brasileira e contra a subversão da mesma.

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.